terça-feira, 7 de julho de 2009

Oh, mãaaaaaaaaaaaaae, olha eles...


Hoje foi um dia especial por duas razões: conheci a Solita, que é uma riqueza, e de manhã não fui dar o ar da minha graça para a empresa.



Hoje foi dia de fazer exames médicos patrocinados pelo patronato. Obviamente que o estágio já começou há alguns dias, quando li na convocatória por email que teria que fazer análises. Quem me conhece sabe que me borro de medo de agulhas.

Nunca, mas nunca, fico a olhar para a preparação da chacina. Entro, sento-me na cadeira, faço paleio de circunstância com a senhora que me vai trucidar, sempre a olhar para o lado. A profissional de hoje era extremamente simpática, não obstante me fazer perguntas de mais para quem está em jejum às 08h30m, e estar com o megafone ligado. Compreendo perfeitamente que falem alto, dada a clientela que vi na sala de espera: pessoas de idade, moucas como armários, que nunca respondem à primeira chamada.

Após o rx pulmonar, dirigi-me para o edifício onde me seria feita a consulta médica. Sim, porque quem organiza estas gincanas é verdadeiramente iluminado: nada de marcar todo o sequencial de tortura no mesmo local, não, nada disso. Mandam-se os funcionários para 3 locais distintos, com espaços temporais entre exames bem apertadinhos, para ver se o pessoal se esfalfa todo, ou se se apaga de vez. Nada melhor que exercício físico, depois de nos terem chupado barbaramente 8745387 de sangue. Melhor do que isso, se possível: depois dos mongos andarem de um lado para o outro, em hora de ponta, no centro da cidade, prega-se-lhes uma sequita assim de meia hora entre os eventos, para descansarem. Chegaste a tempo? Como foste capaz de superar esta prova? Então seca aí na cadeira, que já te chamamos. E ai de ti, criatura hedionda, que ouses levantar a ceira para ir fumar um cigarrito para aguentar a esfrega. É nesse preciso momento que te chamamos e, como não estás, a tansa que chegou depois de ti irá ser atendida na tua vez.

O médico que me atendeu, com o seu blazer pied-de-poule, era uma figura. Desde o instante em que entrei até ter saído do gabinete que me apeteceu dizer-lhe o que digo à Laura: Puxa os óculos para cima!. Depois de lhe ter dito que fumo quase um maço por dia, o senhor não me auscultou. Mas pelo menos fiquei a saber que viveu dois anos na Alemanha, e que foi um forinha na tropa, e que não concordou com o facto de Portugal ter cedido a independência a Timor. E que conheceu a melhor amiga da esposa do Putin. E que a PIDE lhe abria as cartas que ele enviava à família. E que deu aulas na Universidade. E que os alunos podiam entrar e sair da aula quando quisessem.

Mas pelo menos estou saudável. Foi o que o senhor me disse.